Tive que sumir um tempo do blog. Motivo: ficar trancada numa chácara ministrando um curso de formação de indigenistas. Indigenistas trabalham com comunidades indígenas e, nesse caso, os cursistas eram provenientes de todos os cantos do Brasil.
Experiência bacana, já que pude ter uma idéia da situação vivida pelos povos indígenas que habitam os lugares que consideramos os mais ermos do país. Mas outra hora escrevo sobre isso.
O que é muito curioso e todo ano observo a mesma coisa (já é o quarto..rs), é a reação dos "confinados". Só para esclarecer: o curso dura 20 dias e o conteúdo é bem denso. Assim, as pessoas passam por várias fases, que eu classifico em 6:
Fase 1 - Todo mundo acha bacana, novidades são sempre legais.
Fase 2 - O curso começa a pesar, o companheiro de quarto já não é tão legal assim.
Fase 3 - As obrigações diárias vão ficando insuportáveis, as panelas vão se formando.
Fase 4 - Os conflitos começam: discussões acaloradas, valores colocados à prova.
Fase 5 - Surtos, choros, sensação de impotência ao extremo.
Fase 6 - Recuperação lenta (após nossas orientações e tentativas de convencê-los da importância do papel de cada um..) e retomada da confiança no trabalho.
Felizmente, quando chega o momento de voltar para suas casas e seus trabalhos, o pessoal já está mais tranquilo e confiante. No entanto, é curioso analisar o comportamento humano em situações diferenciadas. Fico imaginando como deve ser vivenciar uma situação limite como uma guerra civil, um desastre natural (como o que ocorreu no RJ). Aliados à privações, o confinamento e a sensação de impotência tornam-se uma verdadeira bomba relógio, onde as emoções se sobrepõem à racionalidade. Não foi à toa que os mineiros do Chile impressionaram...