Final de semana pesado. Após o assassinato de Nísio, uma liderança Kaiowá-Guarani, na manhã de sexta-feira 18/11/2011, muita gente indignada me perguntou: “O que podemos fazer?”. Nísio é mais um que tomba, resultado da ação de milícias armadas travestidas de empresas de segurança, contratadas por fazendeiros no MS. Esse poder paralelo, que vem intimidando até agente da Polícia Federal, está a serviço do “direito à propriedade”, jargão aclamado por muitos. Afinal, o discurso do agronegócio está sempre atrelado à “eficiência” e “produtividade”, necessários ao “desenvolvimento” do país. É um discurso que cola, pois como se encontra intimamente ligado a valores patriarcais e moralistas, a concentração fundiária signifca poder e honra.
O avanço das fronteiras agrícolas no país, seja para monocultura de soja ou cana, está transformando o ambiente e provocando um verdadeiro genocídio entre os Kaiowá. Inseridos no rol dos refugiados ambientais, os Kaiowá-Guarani são expulsos de seus territórios tradicionais e lançados a situações degradantes e de extrema vulnerabilidade, com violações de todo tipo.
Não podemos ser coniventes. Vejo gente se mobilizando por muito menos, até mesmo para ter o “direito” de estacionar o carro sobre uma ciclovia, mas quando se trata de um coletivo ameaçado, como é o caso, a resposta é o silêncio. É urgente que as pessoas se mobilizem, coloquem a questão em pauta, cobrem do poder público, além de discutir os atuais padrões de consumo. Caso contrário, vamos assistir passivamente, assoviando e chupando cana, o extermínio de outros líderes indígenas que, inclusive, já estão na lista dos assassinos.
Nísio - foto de Eliseu Lopes