segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

QUAL O RUMO? DIREITOS HUMANOS OU BARBÁRIE?


O tema é espinhoso mas  há tempos eu pensava em escrever algo sobre a questão dos direitos humanos, principalmente na época em que realizei um trabalho para uma organização em que eu era tutora de uma turma num curso intitulado “Direitos Humanos e Mediação de Conflitos”. Ótimo curso por sinal. Foi uma experiência reveladora, já que a turma era muito heterogênea, com inúmeras divergências sobre a questão. As discussões eram acaloradas e por várias vezes eu tive que intervir para acalmar os inflamados.
Mas o que mais me chamou a atenção e continua chamando, é o equívoco que muita gente comete ao pregar que “direitos humanos é só para bandido” e que certas coisas acontecem pois “no Brasil não existe pena de morte”. Sempre me perguntei o que está por trás desse jargão, reforçado constantemente pelos trogloditas dos (pseudo)telejornais, que instigam o público com questões apelativas do tipo “e se fosse com a sua família?”.
Não vou ficar aqui explicitando as consequências bizarras da pena de morte como política de estado, pois muita gente já fez isso. Quem quiser que corra atrás (sugestão: http://www.dhnet.org.br/direitos/penamorte/belisario_santos.html).
 No entanto, o que é inadmissível é a hipocrisia, já que os que “defendem a vida” vociferando contra a descriminalização do aborto, são os mesmos que tentam, a todo custo, instaurar a pena de morte no país. Afinal, que “vida” defendem? Pois, provavelmente acreditam que a vida pode ser hierarquizada e que podem classificá-la através de algum gradiente de concentração, onde uma vale mais e outra menos.
A questão que sempre coloco é: o que nos difere de um assassino? Assassiná-lo não nos tornaria iguais, colocando-nos no mesmo patamar?
Para os que acreditam que direitos humanos é só para bandido, sugiro que participem de alguma organização que trabalhe com o tema. Aí podem falar a vontade, mas com propriedade....
Enquanto isso, deixo um texto do Eduardo Galeano para reflexão:

A cultura do terror 4
A extorsão,
O insulto,
A ameaça,
O cascudo,
A bofetada,
A surra,
O açoite,
O quarto escuro,
A ducha gelada,
O jejum obrigatório,
A comida obrigatória,
A proibição de sair,
A proibição de se dizer o que se pensa,
A proibição de fazer o que se sente,
E a humilhação pública
São alguns dos métodos de penitência e tortura tradicionais na vida da família. Para castigo à desobediência e exemplo de liberdade, a tradição familiar perpetua uma cultura do terror que humilha a mulher, ensina os filhos a mentir e contagia tudo com a peste do medo.
- Os direitos humanos deveriam começar em casa!!
                                                                                                          Eduardo Galeano

2 comentários:

  1. Querida Lu! Muito boa sua reflexao. Nao tenho propriedade alguma pra opinar com fundamento, mas concordo que punir morte com morte nao leva a lugar algum, ate porque, paises que adotaram pena de morte nao tiveram sua criminalidade reduzida substancialmente.....Beijinhos

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  2. Oi Sil,
    Obrigada pelo comentário. Como assim você não tem propriedade?
    Bem, esse não é um tema fácil e sei que incomoda muita gente. Mas é preciso colocá-lo em pauta sempre que houver oportunidade. Só com muita discussão avançamos, não é?
    Bjos

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