quarta-feira, 7 de março de 2012

Jandira Kerexu, a força do Jaraguá




Tristeza na aldeia Jaraguá - despedida de Jandira

Por CTI


Foto: Acervo CTI
Cacica Jandira, assim conhecida, á direita da foto

No dia 03 de março de 2012, Jandira Augusto Venício, Kerexu, faleceu no hospital de Pirituba onde havia sido internada após um AVC ocorrido em sua casa, na aldeia do Jaraguá em São Paulo.

Seu corpo foi velado na escola e na opy’i (casa de rituais) na sua aldeia, com manifestações comoventes de todos os órfãos que deixou. Apesar de sua placidez, lideranças embalavam sua alma afirmando que seus parentes ficariam bem e que em amba porã, para onde estava indo, haveria mata em abundância e muito kaguyjy.

Em seus 78 anos de vida, Jandira criou na aldeia do Jaraguá - a menor Terra Indígena do país com apenas 1,7 hectares - 15 filhos, incluindo os que adotou plenamente, 35 netos e 33 bisnetos. Órfã de mãe ainda criança, cuidou incessantemente de todos aqueles, de várias aldeias, que na doença e na necessidade a procuravam.

A cacica Jandira, assim conhecida após a morte de seu marido Joaquim, integra a geração de caciques e lideranças que na década de 1980 iniciaram e orientaram o movimento guarani pelo reconhecimento de direitos territoriais e pela regularização de suas terras situadas nas regiões sul e sudeste do país. Faleceu com a esperança de ver finalizado o longo processo de ampliação da TI Jaraguá e com o desejo de paz.

Era ela a memória viva do lugar onde foi formada uma aldeia guarani, ao lado de um córrego com água cristalina e animais silvestres, ambiente que rapidamente se deteriorou com a contaminação das nascentes fora da aldeia e da abertura de estradas. Nos últimos 10 anos, apesar de todas as perdas que sofreu, ainda lhe eram impingidas contas de água de valores absurdos que a angustiavam.  

Se a pequena terra era insuficiente, em seu coração o espaço era infinito para acalentar e  abrigar várias gerações.

Fonte: http://www.trabalhoindigenista.org.br/

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