A plenária sobre energia e indústrias extrativistas que
aconteceu hoje na Cúpula dos Povos da Rio+20, contou com a presença de
delegações indígenas de vários países como México, Guatemala, Peru, Canadá,
Brasil, Bolívia.
Líderes denunciam devastação em seus territórios (foto: Luciana Galante) |
A denúncia se assemelha: a mineração e a demanda por energia
vem assolando comunidades, privando-as de recursos de uso coletivo como água e
território. Não bastasse, muitas são contaminadas com metais pesados e sofrem
violência direta por parte dos extratores. As perspectivas não são nada
favoráveis, uma vez que possivelmente teremos um aumento significativo do
contingente de refugiados ambientais nos próximos anos. Estes, desprovidos de
seus referenciais territoriais, são obrigados a deixar suas regiões e migrar
para áreas que nunca em ocupar antes.
Indígena canadense denuncia ação de mineradora (foto: Luciana Galante) |
Para essas comunidades, isso significa uma ruptura irreparável
em seu modo de vida. Sem os seus referenciais ambientais, são impedidas inclusive
de exercerem sua espiritualidade e obrigadas a ressignificar outros espaços
quando possível, claro.
Um depoimento me chamou muito a atenção. Foi um Yanomami,
o líder Masi, quem atentou para práticas realizadas na história do Brasil
quinhentista:
“ O Governo Federal
precisa conhecer nossos lugares, conhecer a nossa casa, ver a nossa cara e
falar na nossa cara que vai fazer barragem. O Governo precisa respeitar nossos
xamãs. Nossos xamãs precisam da nossa floresta em pé. Na fronteira com a Venezuela,
mineradores estão matando nossos parentes. A FUNAI está vendo isso. Nós não
temos muitas informações, mas sabemos que os garimpeiros deram arroz com veneno
para os nosso parentes. Eu sou Yanomami, eu sou povo da floresta e o Governo
tem que ouvir a gente!!!”
Masi, líder Yanomami (foto: Luciana Galante) |
Nos resta somar força à denúncias desse tipo. Práticas
extrativistas que atentam contra a integridade física e cultural dessas
comunidades e violam o sagrado sem o menor escrúpulo, jamais podem ser chamadas
de “desenvolvimento” e, muito menos, “sustentável”.
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